quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Líder X Chefe

Nem todo líder é chefe, mas para ser chefe (ou pelo menos um bom chefe) ele tem que ter as características de um líder.
Chefe, patrão, superior, supervisor, coordenador; são muitos os nomes dados a essas pessoas que comandam uma equipe na busca pela realização de um trabalho a ser feito. E para ser chefe não basta sentar numa cadeira especial, numa sala especial e assinar papéis importantes.
Um chefe deve ser a cabeça e o coração da equipe, deve saber como utilizar as habilidades de cada membro com o qual trabalha de modo a alcançar o objetivo em comum. Um chefe de verdade deve saber como harmonizar sua equipe, deve saber uni-la para que todos tenham consciência de que a sua contribuição, e a do outro também, é importante.
Somando o trabalho de um com o trabalho do outro, buscando os pontos de encaixe entre cada uma dessas peças que desordenadas não levam a nada. Mas através da figura do chefe (e talvez por isso ele também seja chamado de coordenador em alguns lugares) essa desordenação ganha sentido lógico, uma vez encaixadas as peças umas às outras por alguém com uma visão mais ampla de todas elas.
Algumas pessoas não dão bons chefes. Não por incapacidade, mas por não saberem viver e trabalhar nesse espírito de equipe. São pessoas que podem até ter muito sucesso trabalhando sozinhas (e sem subordinados), mas não tomando a frente de um grupo de pessoas.
E quando digo que um chefe deve ser também o coração da equipe é porque não basta organizar as atividades. É preciso sentir essas pessoas com as quais se trabalha, e levar para elas o espírito de cooperação, e não de competição, onde só se sobrevive se o outro se der mal.
Há chefes que pecam pelo desconhecimento técnico a respeito do trabalho. Há chefes que pecam pela inexperiência. Mas, sem dúvida, peca mais aquele chefe que não sabe ser líder.
Já tive chefes e já tive líderes. Os primeiros achavam que bastava sentar naquela cadeira especial (e geralmente foram colocados lá por “apadrinhamento”); quanto aos segundos, estes me fizeram sentir prazer em trabalhar.

Hoje sinto a falta de um líder.

domingo, 18 de janeiro de 2009

A história por trás das manchas roxas

Muito tempo ocioso na frente de um computador ligado à internet pode render algumas singelas, porém divertidas, descobertas. Como esse texto escrito por um homem a respeito de uma neura que eu nunca imaginei que os homens pudessem ter (ou será apenas ele, em específico?): a origem das manchas roxas de uma garota.

“O que me faz perder mesmo o sono são as manchas roxas que aparecem na perna da menina sem nenhuma explicação.
Por que as manchas roxas? Como chagas, surgem misteriosas pelo seu corpo, marcando meu território, maculando sua tez dulçorosa, de Dulcinéia arrebatada. E não só pelo corpo da minha, ela, mulher própria: as manchas estão em todas as mulheres do planeta. Senhoras apaixonadas, vestindo anáguas; adolescentes de estranhos humores, irritadas; crianças impúberes, de galochas e histórias (da carochinha); leitoras boazudas, cabrochas bronzeadas, de euforia que não cabe dentro dos peitos – a todas acometem as mesmas nódoas. Roxas e nas coxas, principalmente, mas também nos: braços, bunda, panturrilha e outras partes. E volto a perguntar, sem mais enrolação: por que as manchas roxas? De onde vêm?
Quando a menina chega em casa do trabalho, emancipadíssima, ou acorda aos muxoxos, fazendo malcriação, ou volta de viagem cheia de sacolas, ou sai do mar molhada de sal, nunca sabe o porquê das manchas. E, se souber, não diz. Perguntar é perda de tempo. E ficamos assim, os homens, asnos empolados, mais uma vez perdidos na escuridão da nossa ignorância infinita sobre tudo que nos é estranho, ainda que familiar, e sobre o que nos é mais alheio, ainda que tão arraigado dentro de nós: a mulher, esse singular objeto.
Seriam as manchas roxas marcas de amantes descuidados e secretos? Escapadelas pelas tardes vazias, amassos nas esquinas, escadas dos prédios e por trás de cada árvore no caminho de casa? Seriam as manchas lembranças de outros toques? Agouros dos próximos? Seriam elas memórias do seu corpo? Fantasmas te bolinando durante a noite? Eu te encoxando durante o dia?
Ou seriam trombadas e joelhaços involuntários em: cadeiras, mesas, sofás, armários, escrivaninhas, bancos, automóveis, árvores, cachorros, portas, geladeiras, grades, janelas, pedras, crianças, pias, caixas, postes e tudo o mais que puder estar a sua frente? Seriam as manchas provas roxas e materiais da sua peleja diária com o mundo e tudo que o compõe? Evidências da fragilidade do manto delicado que cobre seu corpo, em contraste com sua enorme força para o resto (incluindo gripes, cicatrizes, partos e filas de supermercado)?
Para nenhuma dessas perguntas tenho a resposta. Mas sei que vou morrer tentando descobrir.”

[ João Paulo Cuenca ]


Eu sempre tenho um estoque dessas “tão misteriosas manchas roxas”, e isso já foi objeto de desconfiança de alguém que, com certeza, tinha a teoria n° 1 em mente.
Só que (não me peçam pra escolher entre o felizmente e o infelizmente), no meu caso se aplica a teoria n° 2: trombadas e joelhaços involuntários.
Não me lembro desde quando comecei a assumir uma postura destrambelhada frente os objetos que me cercam (na verdade, eu até me lembro de costumar ser alguém que tem uma certa desenvoltura), mas já faz um tempo que o contato da minha pele com o que compõe o mundo têm resultado nessas benditas manchas roxas.
Então da próxima vez que se deparar com uma dessas marcas em mim, poupe sua imaginação devassa, porque aquela mancha na minha perna não foi porque eu estava me agarrando com um cara gato, de cabelos compridos e 3 brincos em cada orelha com ar de estrela do rock dos anos 80 num banheiro apertado durante uma festa (embora eu sempre tenha preferência pelos “caras exóticos”, e algumas amigas podem confirmar isso), mas sim porque eu calculei errado a distância entre a minha trajetória e a quina da mesa.

Mas aquele roxo no braço talvez não seja tão inocente assim...
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quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O que não foi

É impressionante como coisas bobas e fatos que não têm nada de especial podem desencadear reações, pensamentos ou situações que, na verdade, já estavam ali prontinhas pra revirar tudo, mas estava apenas aguardando o “gatilho”.
E foi uma coisa boba que aconteceu, um simples comentário que fizeram pra mim, um dia desses, que me fez voltar uns 10 anos na minha vida para imaginá-la o quanto ela poderia ter sido diferente.
Com certeza eu não teria vivido tudo o que eu vivi, nem tido as experiências que tive. Mas teria tido outras. Teria seguido outros caminhos e teria tido outras opção para escolher. Nem melhores, nem piores; apenas diferentes.
O que sempre fica é a curiosidade a respeito do que não foi, da escolha preterida, do caminho não escolhido.
Eu sei que não adianta se consumir se perguntando “e se eu tivesse feito aquilo em vez disso?”, ainda mais quando fazemos a escolha errada. Se bem que “escolha errada” depende do ponto de vista, e talvez aquele “erro” tenha sido exatamente o que você precisava naquele momento, mas apenas não tem consciência disso.
Depois de algumas experiências adotei a prática do desprendimento: o que não foi não era pra ser. E a cada bifurcação no caminho com que eu me deparava, fui aprendendo a escolher um e não olhar para trás me perguntando se eu não deveria ter escolhido o outro lado da estrada. Se não, corremos o perigo de empacar no meio do caminho sem vontade de continuar por onde escolhemos, mas também sem coragem para voltar e pegar o outro caminho que deixamos de lado.
Às vezes a maturidade de alguém não reside nas escolhas que ela faz, mas no fato dela assumir ou não as responsabilidades das suas escolhas, encarar as conseqüências delas.
Não, o comentário que eu escutei e que foi o responsável por me fazer pensar tudo isso não me fez maldizer minha escolha e minhas atitudes de 10 anos atrás, para me martirizar a respeito de tudo o que eu não vivi nesse tempo.
É só que eu imaginei (e me impressionei) com o quão diferente teria sido tudo.
Isso é estranho pra mim também, mas eu senti saudades de coisas que eu não vivi.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Enredo para uma vida


Top 5 das coisas que parecem tiradas de filme/livro mas que aconteceram DE VERDADE comigo:

1) desmaiar em um shopping em um outro país

Não bastasse eu ter passado mal sem ninguém conhecido num raio de 10 km para me amparar, o segurança do shopping que deveria ter ido até mim para ajudar, ainda me deu a maior bronca achando que eu era uma daquelas meninas anoréxicas com distúrbios alimentares que não comem porque não querem engordar. Tudo porque eu disse pra ele que o provável motivo do meu desmaio foi a queda de glicose no sangue, já que eu não tinha almoçado. Ele nem me deixou explicar que eu sou boa de garfo (ele nunca ouviu falar em metabolismo acelerado?) e a razão de eu não ter almoçado é que eu tinha passado o dia dormindo.

Falando em dormir...


2) fazer minha mãe e metade da cidade pensarem que eu tinha sido seqüestrada enquanto eu estava apenas dormindo no meu quarto

Ok, ok! Eu não durmo: eu hiberno. Foi por isso que peguei no sono às duas da tarde e quando minha mãe tocou a campainha de casa (pra variar ela tinha esquecido a chave) às sete da noite, eu não ouvi. Assim como não ouvi os próximos 3.749 toques da campainha, 856 toques do telefone, 1.394 murros na porta do apartamento e nem os 317 gritos na direção da minha janela (no 4ª andar) lá do térreo. Já convencida de que eu não estava em casa, mamãe iniciou a busca pelo meu paradeiro através de todas as pessoas conhecidas, e como ninguém tinha falado comigo desde as duas da tarde, à minha mãe só restou uma conclusão: “seqüestraram minha filha!”


3) passar 13 anos registrada como uma criança que nasceu morta

Era a primeira vez que eu, então com 13 anos, ia viajar pra fora do país, e para isso precisava tirar o passaporte. Quando apresentei minha certidão de nascimento para o funcionário do lugar de emissão de passaporte, ele analisou e perguntou com um certo espanto “quem era essa Flávia Maia”, eis que eu respondi “ué, sou eu!”. Parecia que ele tinha visto um fantasma (depois eu entendi que era isso mesmo que passava na cabeça dele) porque ele engasgou, ficou branco feito papel e saiu tropeçando na cadeira para chamar o chefe do setor. E foi o tal chefe que me explicou que eu tinha sido registrada em um livro que só era usado para registro de crianças nati-mortas. Após uma certa desconfiança de que eu poderia estar querendo assumir uma identidade falsa, ele disse que eu teria que ir até o cartório onde eu havia sido registrada para que fosse feita a correção.


4) ficar trancada do lado de fora só de camisola

Manhã preguiçosa de sábado. Mamãe batendo papo com a vizinha no corredor e eu fui botar o lixo pra fora, quando a porta bateu por causa do vento. Como por fora ela só abre com chave (e é óbvio que não estávamos com ela), eu tive que escalar da sacada da vizinha para a nossa, a três andares do chão, só de camisola, para abrir a porta por dentro.


5) achar que estava grávida por causa de um exame errado

Um inofensivo exame de sangue só pra eliminar a desconfiança de que eu poderia estar com rubéola. Mas a funcionária do laboratório trocou as bolas e ligou para minha mãe pedindo para ela me avisar que eu deveria voltar para fazer uma confirmação do exame de gravidez. Como na época eu só tinha 15 anos, dá pra imaginar o escarcéu, né?

Obs: nessa idade não tinha a menor chance de eu estar grávida, a não ser do Espírito Santo. Mas até eu explicar pra minha mãe que nariz de porco não é tomada... ou melhor: que exame de rubéola não é teste de gravidez positivo.