Como boa nativa dos trópicos, ainda por cima nascida numa ilha no Nordeste do Brasil, sol era a regra para os meus “dias bons”. Dias chuvosos para mim significavam tristeza e melancolia, e só um bom motivo (ou uma obrigação séria) me faziam levantar da cama em dias cinzentos.
Não lembro bem quando foi que minha forma de ver os dias de chuva começou a mudar, mas isso me remete a um trecho de uma música que diz “you worship the sun, but now can you fall for the rain?” (numa tradução poética, seria algo como “você venera o sol, mas será que agora você pode se apaixonar pela chuva?”).
Hoje o dia amanheceu assim: chuvoso. Bastante chuvoso. E diferentemente da época em que eu amaldiçoava o dia quando isso acontecia, levantei da cama com uma sensação quase poética. A melancolia que eu sentia em dias assim transformou-se em serenidade. E assim, no trajeto da minha casa para o trabalho, mesmo debaixo de toda aquela tempestade, enquanto eu dirigia, pude ver vários fragmentos de vidas indo de lá para cá, com detalhes tão seus que a história de cada um poderia ser contada através deles.
Se dizem que a vida tem trilha sonora, o cd Líricas, de Zeca Baleiro, se encaixa perfeitamente num dia como o de hoje. A poesia, tanto nas letras quanto nas melodias desse cd foi a minha escolha para ir escutando no caminho.
Logo na 1ª música tem um trecho que diz “amores secretos debaixo dos guarda-chuvas”. Foi isso que me deu um estalo e passei a prestar mais atenção em cada guarda-chuva que passava por mim. Cada um que protegia debaixo de si uma pessoa com uma vida e uma série de detalhes. “Amores secretos” é apenas uma das coisas que um guarda-chuva pode esconder.
Ao redor há pessoas indo para o trabalho, para aula, vendendo jornais dentro de sacos plásticos vestido de capa amarela numa esquina; pessoas com os sapatos na mão e pulando as correntes de água que se formam nas sarjetas, uma mãe carregando o filho pequeno.
Há ainda aqueles que enfrentam a chuva sem proteção nenhuma, não permitindo que a água que cai do céu os impeça de seguir seus planos como de ir para academia ou mesmo correr ao ar livre. Vi pessoas andando com os seus guarda-chuvas sóbrios, alegres ou personalizados, sozinhos e solitários, ou em grupo, conversando sobre o tempo e a calamidade que uma chuva pode trazer, e ainda aqueles desprotegidos que esperavam debaixo de alguma marquise uma “carona” debaixo de um guarda-chuva conhecido.
Vi gente que não tinha nada a perder atravessando tranquilamente a ponte puxando seu cão vira-lata por uma corda que fazia as vezes de coleira deixando os pingos d’água escorrem pelo corpo e simplesmente seguindo...
O pobre do cão não tinha muita escolha se não seguir o dono (já que estava sendo puxado pela coleira), mas me pergunto o que outros dois cachorros que vi (e tinham a escolha de se abrigarem) estavam fazendo deitados numa calçada pegando chuva. Cães de rua não devem ter muito a perder também, por isso talvez não se importem de tomar um banho de chuva quando têm a oportunidade.
Dias chuvosos têm lá suas aventuras. E beleza. E poesia. E, acreditem, até filosofia para filósofos baratos como eu.
Por isso, “now I can fall for the rain”.
Não lembro bem quando foi que minha forma de ver os dias de chuva começou a mudar, mas isso me remete a um trecho de uma música que diz “you worship the sun, but now can you fall for the rain?” (numa tradução poética, seria algo como “você venera o sol, mas será que agora você pode se apaixonar pela chuva?”).
Hoje o dia amanheceu assim: chuvoso. Bastante chuvoso. E diferentemente da época em que eu amaldiçoava o dia quando isso acontecia, levantei da cama com uma sensação quase poética. A melancolia que eu sentia em dias assim transformou-se em serenidade. E assim, no trajeto da minha casa para o trabalho, mesmo debaixo de toda aquela tempestade, enquanto eu dirigia, pude ver vários fragmentos de vidas indo de lá para cá, com detalhes tão seus que a história de cada um poderia ser contada através deles.
Se dizem que a vida tem trilha sonora, o cd Líricas, de Zeca Baleiro, se encaixa perfeitamente num dia como o de hoje. A poesia, tanto nas letras quanto nas melodias desse cd foi a minha escolha para ir escutando no caminho.
Logo na 1ª música tem um trecho que diz “amores secretos debaixo dos guarda-chuvas”. Foi isso que me deu um estalo e passei a prestar mais atenção em cada guarda-chuva que passava por mim. Cada um que protegia debaixo de si uma pessoa com uma vida e uma série de detalhes. “Amores secretos” é apenas uma das coisas que um guarda-chuva pode esconder.
Ao redor há pessoas indo para o trabalho, para aula, vendendo jornais dentro de sacos plásticos vestido de capa amarela numa esquina; pessoas com os sapatos na mão e pulando as correntes de água que se formam nas sarjetas, uma mãe carregando o filho pequeno.
Há ainda aqueles que enfrentam a chuva sem proteção nenhuma, não permitindo que a água que cai do céu os impeça de seguir seus planos como de ir para academia ou mesmo correr ao ar livre. Vi pessoas andando com os seus guarda-chuvas sóbrios, alegres ou personalizados, sozinhos e solitários, ou em grupo, conversando sobre o tempo e a calamidade que uma chuva pode trazer, e ainda aqueles desprotegidos que esperavam debaixo de alguma marquise uma “carona” debaixo de um guarda-chuva conhecido.
Vi gente que não tinha nada a perder atravessando tranquilamente a ponte puxando seu cão vira-lata por uma corda que fazia as vezes de coleira deixando os pingos d’água escorrem pelo corpo e simplesmente seguindo...
O pobre do cão não tinha muita escolha se não seguir o dono (já que estava sendo puxado pela coleira), mas me pergunto o que outros dois cachorros que vi (e tinham a escolha de se abrigarem) estavam fazendo deitados numa calçada pegando chuva. Cães de rua não devem ter muito a perder também, por isso talvez não se importem de tomar um banho de chuva quando têm a oportunidade.
Dias chuvosos têm lá suas aventuras. E beleza. E poesia. E, acreditem, até filosofia para filósofos baratos como eu.
Por isso, “now I can fall for the rain”.
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