terça-feira, 18 de maio de 2010

Do jardim de infância à pós-graduação.


Quando você olha uma criança de dez anos, não se tem noção do que ela pode ser daqui a mais dez anos. Talvez em apenas quatro anos ela mude muito. Ou talvez apenas continue seguindo o padrão que ela vem apresentando.

Estudei a minha vida escolar inteira no mesmo colégio. Da professora que me ensinou a somar dois mais dois, até o professor que me fez absorver o mínimo necessário da matéria de química para passar no vestibular; todos eles você pode encontrar no Colégio Santa Teresa.

Ok, talvez nem todos. Talvez uns já tenham se aposentado, outros simplesmente não trabalham mais lá, e talvez um ou outro já tenha até passado dessa para uma melhor, se é que vocês me entendem. Mas meu histórico escolar está todo registrado numa única escola.

Por conta disso, dividi essa fase da minha vida com algumas pessoas que estiveram presentes por todo esse tempo, “quando a nossa personalidade é formada”; gente que também estudou a vida inteira lá, comigo. Assim como participei da vida deles e os vi se tornando o que são. A olhos vistos muita gente foi seguindo a lógica e se tornando o que se via ser. Outros surpreenderam.

Me peguei pensando nisso agora há pouco, vagando pela internet, quando parei para ler no blog de uma boate/bar daqui da minha cidade um post feito por um dos Dj’s residentes de lá que, por acaso, estudou comigo durante muito tempo no colégio.

Lembrei daquele garoto que era uns dois anos mais velho do que a maioria da nossa turma, já tinha reprovado algumas vezes, não prometia grande coisa na vida. O tempo passou, terminamos o colégio, ouvi alguns rumores a respeito dele (alguns bem maliciosos), até que um belo dia eu o vejo tocando nessa boate/bar, como Dj residente e agora escrevendo no blog sobre seu trabalho de uma forma bem segura, como alguém que sabe o que está fazendo, alguém que parece que trilhou esse caminho a vida toda.

Então puxei pela memória outros casos. Uma grande amiga da época de colégio que casou recentemente e agora está grávida. De gêmeos! Nenhum big deal nisso. Pois é... sendo quem é, eu imaginava que ela teria uma vida um pouquinho diferente do convencional. Mas o que importa é a felicidade que ela parece ter encontrado.

Tem uma outra que, apesar do contato ser esporádico hoje em dia, ainda é uma grande amiga. Ela sempre ficou com os caras mais lindos e gostosos não só do nosso colégio, mas dos outros também; sempre teve um corpão e era o desejo de todo cara. Bom, essa aí já estava de casamento marcado, mas antes que ela usasse o vestido branco e caminhasse até o altar ao som da marcha nupcial, me encomendou um sobrinho (ou sobrinha, ainda não sabemos). O diferencial nisso é que o noivo é gordinho e baixinho. E daí? É o gordinho e baixinho que tem feito a minha amiga mais feliz do que juntando todos os gatos lindos e sarados com quem ela já ficou.

Também me lembrei de um garoto que estudou comigo, um típico bagunceiro do fundão. Se ele tinha algum futuro, se havia a chance dele mostrar para todo mundo o seu potencial, essa chance não se concretizou por causa de um acidente de carro que ele sofreu e faleceu nele. Ouvi dizer que ele estava “fazendo pega” (racha de rua), mas quem sabe o que se ouve por aí, não é?

E hoje mesmo encontrei no shopping, assim como que por acaso, uma garota que estudou comigo e sempre foi a “doidinha” da turma. Cada mês era uma cor de cabelo diferente (e permita-me o veneno, um namorado novo para combinar), aquela que provou cerveja antes de toda a turma e experimentou um trago antes que a gente sequer tivesse curiosidade sobre cigarro . Pois hoje quando a encontrei, estava passeando com seus dois filhinhos (fofos e guti-guti neném), bem básica, com a maior cara de mãe de família que eu já vi na vida, com um dos gurizinhos de um lado puxando a blusa dela pedindo “sorvete, mamãe”, e ela toda amorosa com o pequenininho.

Agora estou aqui me perguntando: se esses colegas/amigos da época de escola me vissem hoje, vissem a minha vida hoje, o que diriam?

Será que eu estou dentro do previsível, como sendo aquilo que se esperava da menina que só tirava 9 e 10, a CDF da turma? “Era o que se esperava de Flávia. Sempre foi boa aluna e blá blá blá, e hoje está formada em Direito, com um bom cargo no trabalho e etc”. Ou se surpreenderiam quando me vissem e diriam tipo “Flávia? Aquela menina que era magrelinha e toda tímida? Falando alto, se acabando de dançar desse jeito e fazendo graça? Não creio!”.

(Tá, tá, tá. Magrelinha eu ainda sou. Mas aprendi que tênis e calça jeans cargo não ajuda muito no visual, então melhorei um pouquinho substituindo por uns vestidos e uns saltos altos. Na verdade acho que melhorei um bocado do colégio para hoje em dia.)

Não é uma questão de se preocupar com o que os outros pensam de mim. É curiosidade em ver as minhas mudanças sob a perspectiva dos outros, assim como eu vejo a deles. É curiosidade de saber se eu sou (na visão dos outros) o “quem diria, hein?!” ou o “era o natural acontecer”.

2 comentários:

  1. Adorei o texto, e acho que toooodo mundo na vida sente isso, gêmula. Engraçado, é que muitas vezes, os padrões não se mantém, e quem você menos espera está do jeito contrário do que vc imaginava que estaria. OU nao! Mas, o que importa, minha amiga. É, que eu tenho certeza, que todos os que estudaram contigo na escola (eu não tive esse privilégio), sabem que tu eras uma menina amiga, companheira, divertida e honesta. E isso, continua a ser até hoje.

    (esse pessoal que estudou ctg devia ser bem legal, afinal, ajudaram na formaçao de qm tu és...e sendo tu parecida comigo, hhihihi, eles sao super 10! hahaha, como os meus amigos de infância) :)

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  2. Nada nos leva mais à frente do que um gesto de retorno... boas mudanças pra você!

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